A luz artificial não penetra nossas trevas

Algo diferente nos envolve: é fim de ano! Geramos uma feliz expectativa dentro de nós, pelo tempo de celebração e de descanso que vai chegar, pelos encontros que teremos com familiares e amigos, pelos presentes que receberemos e daremos, talvez até pelo ano novo que se aproxima… Para justificar esse sentimento, temos várias razões.

O material também nos influencia: montamos nossa árvore e instalamos o pisca-pisca, vemos decorações e enfeites nas lojas, ouvimos músicas natalinas, compramos panetone, frutas especiais, carnes e castanhas e somos seduzidos por propagandas e promoções fabulosas. Tudo contribui para a tal “atmosfera natalina” da qual a gente tanto ouve dizer.

Isso ilumina nossos dias, mais que a recente chegada do verão meridional, e a vida ganha um colorido especial. Por um momento, esquecemos ou deixamos de lado os problemas; até fazemos planos e votos para o tempo novo que está para inaugurar-se mas, em poucos dias, começamos a suspeitar que a vida de sempre só tinha dado um tempo ou estava de recesso. E então tudo volta a ser o que era antes.

A verdadeira Luz do Natal

Esta luz artificial não penetra nossas trevas. Não nos ilumina ou, tampouco, revela o belo a nós e em nós. Ela é só um pequeno estímulo em total escuridão. Continuamos os mesmos, afundados no pecado, com os mesmos problemas e com a mesma perspectiva rasa de sobrevida. Viciados em efemérides, mas completamente letárgicos.

Sabemos que, no Natal, celebramos o nascimento de Jesus, o Deus que se fez Menino, nascido da Virgem Maria, que veio habitar em meio a nós; o Messias esperado e profetizado, que veio para remir e libertar a humanidade. Mas, com tantas distrações, será que temos vivenciado esta Festa no seu real sentido?

Isaías, que viveu cerca de setecentos anos antes de Cristo, profetizou: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (cf. Is 9,1) e, no Credo Niceno-Constantinopolitano, professamos com a Igreja que Jesus é “Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro”. Logo, presumimos que tudo aquilo que desvia nosso olhar da Luz – que é Cristo – é distração e nos prende nas trevas.

Por mais desgastado que o assunto possa parecer, é importante recordar que outras razões que elencamos para celebrar o Natal, por mais nobres que possam ser, nos tiram da centralidade desta Festa, que é o próprio Cristo. São ocasiões que podem desviar o nosso olhar do presépio e contribuir para que aquela cena vá caindo no desuso, tanto nas nossas decorações quanto no nosso coração.

Participemos por inteiro e desfrutemos desta Festa!

Em um artigo, minha irmã de Rádio América, Dijanira Silva, ilustra perfeitamente essa situação. Ela escreve: “Penso que celebrar o Natal sem nos deixar envolver pela ternura do amor de Deus, expresso no nascimento de Cristo, é como participar de uma festa sem conhecer os anfitriões nem o motivo da comemoração. Você está presente, come, bebe, admira a decoração, observa os convidados, mas não tem por que se alegrar, vive tudo de maneira superficial, indiferente. E tenho a certeza de que não é isso que Deus espera de nós, justo na festa do Seu nascimento”.

Com isso, eu reforço: é urgente a nossa necessidade de nos voltarmos para a Luz! É imprescindível que enxerguemos onde estamos pisando! Por que continuar caminhando nas trevas se o próprio Senhor veio para afugentá-las e iluminar nossos passos? Mesmo que o Advento já tenha passado, preparemo-nos para estar por inteiro nesta Festa, nos alegrar e acolher de verdade o Menino Jesus e a libertação que Ele nos traz.

Sejamos este povo que passa a viver na Luz, como profetizou Isaías! Permitamo-nos olhar a vida de uma forma diferente, com as lentes da fé, na certeza de que o Senhor da História ilumina a nossa estrada e caminha conosco. É assim que damos sentido à nossa vida e testemunhamos concretamente o Cristo a quem permanece na escuridão.

A Rádio América deseja a você e à sua família um Feliz Natal!

Por Lucas Vieira

Comentários

↑ topo
Skip to content