No dia do nascimento de São João Paulo II, fundador da JMJ, dia 18 de maio, foi divulgado ao mundo quem são os Santos e Beatos que serão Patronos da JMJ Lisboa 2023.
Para a Jornada Mundial da Juventude 2023 foram nomeados 13 Patronos homens e mulheres e Jovens que “demonstraram que a vida de Cristo preenche e salva a juventude de sempre”.
Os Patronos da JMJ23 foram apresentados através de um texto por D. Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca de Lisboa, que conta algumas referências histórica de cada um dos Patronos.
Confira na Integra o texto de Dom Manuel Clemente.
Padroeira por excelência da próxima Jornada Mundial da Juventude é a Virgem Maria, a jovem que aceitou ser mãe do Filho de Deus incarnado. Ela que se levantou e foi apressadamente para a montanha, ao encontro de sua prima Isabel, levando-lhe Jesus que concebera. Assim ensina os jovens de todo o tempo e lugar a levaram Jesus aos outros que O esperam, agora como então!
Patrono é também São João Paulo II, a quem se deve a iniciativa das Jornadas, que têm reunido e animado milhões de jovens dos cinco continentes.
Padroeiros e padroeiras são todos os santos e santas que se dedicaram ao serviço da juventude e em especial São João Bosco, que São João Paulo II declarou “Pai e Mestre da Juventude”. Aos formadores propôs o seu “sistema preventivo”, de permanente atualidade: «Estai com os jovens, evitai o pecado pela razão, religião e amabilidade. Tornai-vos santos, educadores de santos. Os nossos jovens sintam que são amados».
Contamos também com a proteção de São Vicente, diácono e mártir do século IV, que sendo padroeiro da diocese a todos acolherá e reforçará com a sua caridade e testemunho evangélico.
Realizando-se em Lisboa, a Jornada terá o apoio celestial de alguns santos lisboetas, que daqui partiram para anunciar a Cristo. Como Santo António, nascido por volta de 1190, que mais tarde seguiria, já franciscano, rumo a Marrocos primeiro e logo de seguida para a Itália, o Sul de França e de novo Itália, convertendo muita gente ao Evangelho que vivia e pregava. Faleceu em Pádua em 1231 e um ano depois já tinha sido canonizado, tanta era a certeza da sua santidade. O papa Leão XIII chamou-lhe “o santo do mundo inteiro”.
Também de Lisboa foi, séculos depois, São Bartolomeu dos Mártires, dominicano e arcebispo de Braga. Partiu para Trento, tomando parte na última fase (1562-63) do Concílio que ali quis reformar a Igreja, tornando os pastores mais próximos das ovelhas, como o Evangelho requer e tanto insiste o Papa Francisco. São Bartolomeu, no Concílio e depois, foi determinante neste sentido e ainda hoje nos motiva a todos.
Um século depois, outro jovem lisboeta, São João de Brito, jesuíta, partiu para a Índia, para anunciar Cristo. Imparável no anúncio e nas viagens difíceis, vestindo e falando de modo a chegar a todos os grupos e classes, foi martirizado em Oriur, em 1693.
Acompanham-nos também alguns bem-aventurados (beatificados), lisboetas também. A primeira, Joana de Portugal, filha do rei Afonso V, que podendo ter sido rainha em vários reinos da Europa preferiu unir-se a Cristo e à paixão de Cristo, partindo para o claustro aos dezanove anos. Faleceu em Aveiro, no convento das dominicanas, em 1490. Chamamos-lhe Santa Joana Princesa e impele-nos a escolhas radicais.
Em 1570, João Fernandes, jovem jesuíta, foi martirizado ao largo das Canárias, quando se dirigia para a missão do Brasil. Foi um dos quarenta mártires dessa altura, chefiados pelo Beato Inácio de Azevedo. Tinham partido em resposta ao seu apelo missionário e decerto contribuíram desse modo no Céu para a missão que não conseguiram realizar na terra.
Mais tarde, Maria Clara do Menino Jesus, jovem aristocrata nascida nos arredores da capital. Ficou órfã muito cedo, mas decidiu ser “mãe” dos desamparados. Numa altura em que tal era oficialmente proibido, conseguiu fundar uma congregação religiosa dedicada a essa causa (Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição). Até falecer, em 1899, ultrapassou todas as oposições, repetindo: «Onde é preciso fazer o bem, que se faça!»
A estes jovens lisboetas que “partiram” como a Mãe de Jesus, quer na geografia do mundo quer na geografia da alma, para levarem Cristo a muitos outros, juntam-se padroeiros de outras origens, mas do mesmo Reino. Como o bem-aventurado Pedro Jorge Frassati, que até falecer em Turim, em 1925, aos vinte e quatro anos, a todos tocou com o dinamismo, a alegria e a caridade com que vivia o Evangelho, tanto escalando os Alpes como servindo os pobres. São João Paulo II chamou-lhe “o Homem das Oito Bem-Aventuranças”.
Com a mesma juventude e generosidade, contamos com o bem-aventurado Marcel Callo, nascido em Rennes e falecido no campo de concentração de Mauthausen em 1945. Foi escuteiro e depois jocista (Juventude Operária Católica) e, quando aos 22 anos foi chamado para o trabalho obrigatório na Alemanha, para lá partiu, com a firme intenção de continuar o apostolado nessa duríssima condição. Por isso o levaram depois para o campo de concentração onde viria a morrer.
Contamos ainda com a proteção de dois jovens bem-aventurados que também “partiram”, mesmo quando a doença lhes imobilizou o corpo, mas não o coração. Como Cristo pregado na cruz, que daí mesmo partiu para o Pai e nos salvou a todos com a vida que entregou. Foi com Cristo abandonado na cruz que se quis identificar a bem-aventurada Chiara Badano, jovem focolarina, quando aos 16 anos a doença a surpreendeu. Faleceria dois anos depois, em 1990, irradiando sempre uma alegria luminosa que confirmou o nome de “Luce”, que Chiara Lubich lhe dera.
No ano seguinte, 1991, nasceu o bem-aventurado Carlo Acutis, que veio a morrer de leucemia em Monza aos quinze anos. A sua curta vida foi preenchida com grande devoção mariana e eucarística, que a habilidade com o computador lhe permitiu difundir, mesmo durante a doença. Assim mesmo fez do seu sofrimento uma oferta e partiu feliz.
No tempo de cada um, os Patronos da JMJ Lisboa 2023 demonstraram que a vida de Cristo preenche e salva a juventude de sempre. Com eles contamos, com eles partimos!
Dom Manuel Clemente
Cardeal-Patriarca de Lisboa