Colocando a esperança de vida no lugar onde ela reside

Por Elane Gomes

 Sempre que chega esta época do ano, na vida temos o costume de fazer balanços, revisões, lista de metas ou projetos de vida. Mas talvez, em 2020, já tenhamos vivido nos revisando. Foram inúmeras as mensagens de reflexão de vida, neste tempo de pandemia, que circularam pelo mundo e que, certamente, chegaram até você. Certamente muitos de nós já não víamos a hora de 2020 passar. Mas, talvez, outros não! Conheço pessoas que, apesar de tudo, conseguiram ter bastante êxito mesmo neste ano histórico de crises. São aqueles que projetaram a vida na experiência de que, em tudo, há de se extrair um bem; que puderam colocar o coração aonde a esperança reside.

Algumas pessoas que encontrei em meio à pandemia me fizeram recordar de  Josefina Bakhita, a primeira santa africana, canonizada por João Paulo II em 2000. Ela, após sofrer grandes horrores de violência sendo vendida como escrava para diversos senhores, encontrou Cristo, quem a libertou e para quem entregou toda a sua vida. Fazendo uma revisão de sua história, ela disse que gostaria de beijar a mão de todos os que lhe fizeram o mal, porque através deles é que pôde se tornar cristã! Palavras do tipo que saem apenas das bocas dos santos? Eu diria que são palavras de quem encontrou o lugar da esperança.

O ano de 2020 pode ficar na nossa história como uma maldição ou uma bênção, e essa escolha cabe a nós! Muitos perderam pessoas queridíssimas, ficaram sem emprego, com menos renda para sustentar a família, saúde física e mental debilitadas; outros não puderam se despedir de entes queridos que faleceram, alguns casais se separaram, crianças ficaram isoladas ou foram escravizadas… Poderia passar o dia fazendo a lista das sequelas da pandemia neste ano que passou, mas quis apenas destacar algumas, para dizer que, em meio a tudo isso, podemos fazer uma revisão diferente e adentrar num Ano Novo, de fato, se colocarmos nossa esperança onde realmente ela habita: em Cristo Jesus! Com ele, podemos não só rever, mas refazer a nossa história, assim como Bakhita que, em Cristo encontrou a sua libertação. Jesus, que veio ao mundo para nos livrar da morte, é soberano em tudo. Ele é A Esperança. Bakhita só pôde fazer aquela afirmação, porque entendeu que não há nada mais importante do que Jesus reinando sobre a sua vida e que, encontrá-Lo, foi a melhor coisa que lhe pôde acontecer. Desta forma, se reconciliou com os males pelos quais passou em toda a sua história.  Só o Senhor pode fazer isso em nós.

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Neste ano que se inicia, podemos também nos reconciliar com nossa vida, pensando em fatos antigos ou recentes. Podemos ver o que pôde nos tornar melhores, podemos sair melhores das situações difíceis. É assim que coisas novas surgem: com a nossa parte, com o nosso trabalho, com o empenho de fazermos novas experiências e escolher a bênção. 

Gosto muito do poema Receita de Ano Novo, de Carlos Drummond de Andrade, porque ele nos recorda disso: o novo não surge do nada, temos que fazê-lo de novo. Embora o poeta não tenha falado de fé e nem de Jesus, nós, cristãos, sabemos que não trabalhamos sozinhos. Contamos com o Senhor para fazer a nossa parte e colher as novidades.  

Portanto, comecemos novamente, renovemos nossa esperança em quem é especialista em fazer coisas novas, em dar vida ao que estava morto, em curar o doente, em pôr luz onde há trevas, em perdoar os pecados, em fazer começar de novo: “ ‘Eis que eu renovo todas as coisas (…) Eu sou o Alfa e o Ômega, o Começo e o Fim” (Ap. 21,5-6).   Foi o próprio Jesus quem disse isso a respeito de si mesmo, assumindo a sua missão de inaugurar tempos novos e de demarcar em nossas vidas um antes e um depois. Ele pode mudar os ciclos dos nossos anos e nos dar um novo começo pois, nele, tudo termina e tudo começa se assim o quisermos. Ele pode, mas conta conosco.  O senhor não passa por nenhuma vida sem antes transformá-la. Não há como nos encontrarmos com ele e permanecermos do mesmo jeito! Que essa novidade de Jesus seja proclamada no dia de hoje sobre a sua vida, sobre o seu 2021! Passou o que era velho, eis que tudo se refaz. Em Cristo, podemos ter,  de fato, um novo ano que, como disse o poeta Drummond, “cochila e espera [dentro de você] desde sempre”!

*Elane Gomes é baiana, radialista, Graduada em Letras e especialista em Cultura e Meios de Comunicação. Trabalhou na Rádio América por 9 anos. E com Rádio há 17 anos. Apresenta o programa Panorama Musical aos sábados às 10h (quando não tem acampamento).

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