Crônica: Um dia num hospital do SUS

Hoje fui a um hospital do SUS em São Paulo. No metrô, me distraí e passei da estação. Benditas crianças que me tiraram a atenção! Aliás, elas sempre me roubam o pensamento. Após alguns pedidos de informação, cheguei ao meu local de destino. Encantou-me sua arquitetura antiga. Alguém diria que era uma cidade dentro de uma cidade. Cidade de quem? Talvez coubesse o predicativo “Cidade dos Enfermos”…

Mas ali me senti tranquila. Imaginei a construção daquele lugar e o objetivo cristão que o possa ter erguido. Lembrei-me de Deus…
Ao chegar, um guarda indicou-me o destino:
_Último prédio à esquerda. Térreo.
Várias pessoas incomodadas ou acomodadas em bancos, à espera. Ainda não era a minha parada. Outra informação e… “Primeiro andar”. Um salão com alguns bancos de praça, onde mais pessoas aguardavam e uma fila de mais ou menos 9 metros. Não era muito!
Transitavam alguns profissionais. Vários subiam e desciam escadas em seus coletes brancos. Nenhum deles nos via. Eram dois mundos extremamente distantes…

Continuando minha exploração bandeirante, decidi ir para a fila sem saber a que ela se destinava. Uma moça me parou com sua orelha rasgada, olhos vermelhos. Contou-me porque estava ali: “_Cirurgia de reconstrução”.
No guichê, percebi que minha intuição indicou o caminho certo, mas meu atendimento foi interrompido várias vezes por pedidos de informação (ao auxiliar administrativo) e tantos outros motivos dos quais um me chamou a atenção: um senhor de mais ou menos 50 anos, roupas surradas, barba por fazer, educadamente, pedia explicações sobre a mudança de data da sua consulta. Precisava fazer quimioterapia e depois de esperar por meses, enfim, estava alegre por chegar o seu dia. O médico marcara a data no cartão. Quando finalmente chegou o tal dia, ao se apresentar, a resposta era a de que “o médico não iria atender.” Fiquei impressionada com a educação e a paciência daquele cidadão e a sua consciência a respeito do Sistema, o SUS. O atendente por sua vez, foi muito polido, mas não conseguiu dar informações convincentes. Pediu que o paciente fosse ao terceiro andar e reclamasse…

Bom…depois dessa e de outra, meu atendimento (na recepção) foi concluído (em parte). Tinha que ir a outro guichê e voltar ali. “Mas não precisava pegar fila novamente”. Ao retornar, um rapaz, desesperadamente, foi indagando se eu estava na fila. O atendente me ajudou a responder que sim e… “Pronto. Só aguardar!”
Depois desta maratona de cerca de 2 horas, sentei-me no banco de praça e comecei a escrever esta crônica, cansativa como um dia no hospital do SUS. A que horas sairia dali? Só Deus sabe! O que aconteceu depois disso? Conto após a consulta!

Elane Gomes

Missionária da Comunidade Canção Nova e locutora da Rádio América. Apresenta na emissora o programa Fim de Tarde. Especialista em Cultura e meios de Comunicação pela PUC-SP.

Fim de Tarde

Não perca, a partir do dia 05 de novembro, a volta do Fim de Tarde, na Rádio América AM 1410 com Elane Gomes.

Programa de notícias que vai ao ar das 18h às 19h de segunda a sexta-feira. Música e informação para manter o ouvinte por dentro do que acontece no mundo, no Brasil e em São Paulo, focando temas que afetam a nossa vida como clima, trânsito, o dia-a-dia da cidade, além de notícias sobre a Igreja e a Arquidiocese de São Paulo.  Traz comentários de especialistas, entrevistas e enquetes sobre assuntos da atualidade onde o ouvinte se expressa dando a sua opinião. Acompanhe também aqui no Blog!

Comentários

↑ topo